Imigração alemã

A imigração de povos de língua alemã para o Brasil resulta, inicialmente, do encontro de dois contextos diferentes no século XIX. O primeiro refere-se à Europa e à sua numerosa população, empobrecida pela guerra, faminta pelas más colheitas, desempregada pelo avanço da industrialização e perseguida por questões políticas e religiosas. O segundo diz respeito ao Brasil, país de grande extensão territorial, rico em terras, parcamente povoado e passando por mudanças políticas e econômicas significativas. Leia aqui o texto “Primeiros imigrantes alemães no campo”, de Martin Dreher, publicado no livro Cinco séculos de relações brasileiras e alemãs.

Dos povos de língua alemã que imigraram para o Brasil, a maioria era oriunda da Alemanha, mas também havia suíços, austríacos e povos de língua alemã habitantes de países do leste europeu, como os alemães do Volga (Wolgadeutsche, russo-alemães) e os suábios do Danúbio (Donauschwaben, alemães residentes ao longo do rio Danúbio), entre outros.

Oficialmente, a imigração alemã para o Brasil tem início em 25 de julho de 1824, data em que imigrantes chegaram a São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, onde fundaram a colônia. Porém, há dados relativos à chegada de imigrantes de língua alemã antes da data oficial, como os suíços que desembarcaram no Rio de Janeiro em 1817, fundando a cidade de Nova Friburgo, e um grupo de alemães que teve como destino o sul da Bahia no ano seguinte.

No estado de São Paulo, a imigração de povos de língua alemã ocorreu de forma mais intensa em meados do século XIX, período caracterizado pela pujante cultura cafeeira e pela escassez de mão de obra escrava, consequência direta da Lei Eusébio de Queiroz, de 1850, que proibia o tráfico negreiro para o Brasil. Muitos dos imigrantes que desembarcaram em São Paulo tornaram-se trabalhadores assalariados das grandes fazendas de café em substituição à mão de obra escrava.  Confira a nossa série de episódios

Aprenda mais sobre a história e cultura alemã no estado de São Paulo (TV Cultura):

 

 

Confira a nossa série de episódios "Dicas Genealógicas do Instituto Martius-Staden"

Confira a exposição Viagem por uma São Paulo alemã: do primeiro assentamento até 1930 clicando na imagem abaixo:

A imigração de língua alemã ocorreu até o pós-Segunda Guerra Mundial, motivada praticamente pelas mesmas razões do século XIX: pobreza, guerra e perseguições política e religiosa. Leia aqui o texto “Busquei um refúgio e achei uma pátria... – O exílio de fala alemão no Brasil, 1933-1945”, de Marlen Eckl, do livro Cinco séculos de relações brasileiras e alemãs.

No geral, a travessia do Atlântico rumo ao Brasil era uma tentativa de melhorar de vida, o que nem sempre se concretizava. Para o Brasil, significava oferta de mão de obra para a economia, povoamento do território e, segundo algumas fontes, branqueamento da população mestiça, considerada pelas elites inapta ao trabalho e ao desenvolvimento.

As motivações e o desdobramento desse processo no Brasil ainda são temas de estudo e há pesquisas sendo realizadas sobre o papel de imigrantes de língua alemã na construção de cidades, indústrias e comércio, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, além de sua influência na cultura local por meio de instituições como igrejas, escolas, clubes e outras associações.

Para conhecer mais sobre a relação entre Alemanha e Brasil a partir do século XVI até 1942, tendo como base a trajetória de viajantes e imigrantes alemães no Brasil, indicamos o livro Cinco séculos de relações brasileiras e alemãs: