RELLIBRA

LIBEA - Literatura Brasileira de Expressão Alemã
PROJETO DE PESQUISA COLETIVA (USP/Instituto Martius-Staden)
Grupo de pesquisa RELLIBRA – Relações linguísticas e literárias Brasil-Países de língua alemã
Coordenação geral: Celeste Ribeiro-de-Sousa
Programa de Pós-Graduação em Língua e Literatura Alemã - USP

 

ULRICH BECHER (1910-1990): VIDA E OBRA

Autoria: Ruth Bohunovsky, 2008.
ISBN: 78-85-64168-09-1
Direitos autorais: veiculação autorizada pela editora.
Como citar: Bohunovsky, Ruth. Ulrich Becher (1910-1990): vida e obra. São Paulo: Instituto Martius-Staden, 2008.

,Dados biobibliográficos

Ulrich Becher nasceu em Berlim no dia 2 de janeiro de 1910. Era filho do advogado alemão Richard Becher e da pianista suíça Elisabeth Ulrich. Ainda durante a escola, Ulrich Becher conheceu George Grosz, e, devido ao grande talento gráfico que possuía, tornou-se seu aluno.

Em 1932, publicou uma coleção de contos intitulada Männer machen Fehler (Homens cometem erros). Em novembro de 1933, casou-se com Dana, a filha do autor austríaco Alexander Roda Roda, e mudou-se para Viena. Mudou também de nacionalidade, tornando-se austríaco.

Os nazistas declararam seus livros “arte degenerada” (“entartete Kunst”). Sua esperança de poder exilar-se na Suíça devido ao fato de ser filho de uma suíça não se realizou, pois sua postura claramente antinazista infringiu o princípio de neutralidade desse país. A polícia de emigração negou-lhe a permissão de trabalho e sugeriu que emigrasse para outro país. Em 1941, Ulrich Becher e sua esposa conseguiram fugir do nazismo via França, Espanha e Portugal, instalando-se finalmente no Brasil. Neste país, Becher escreveu quatro das cinco baladas da narrativa em verso Brasilianischer Romanzero (Romanceiro brasileiro) e também a maior parte do romance em versos Die Ballade von Franz Patenkind (A balada de Franz Patenkind). Durante três anos, o casal tentou um visto para emigrar para os EUA, para onde finalmente se mudou, em 1944, e onde nasceu seu filho Martin Roda Becher (hoje também escritor).

Ulrich Becher voltou para Viena em 1948, levando consigo o texto Der Bockerer (O teimoso), escrito junto com Peter Preses. Na capital austríaca, essa peça tornou-se um grande sucesso, sendo, mais tarde, levada para as telas do cinema e da televisão por Franz Antel.

Em 1954, Ulrich Becher instalou-se em Basel, Suíça. Em 1955, recebeu o Prêmio para Dramaturgia do “Deutscher Bühnenverein”; em 1976, o Prêmio da “Schweizerischen Schillerstiftung” por sua obra geral, e, em 1980, foi condecorado com a “Österreichisches Bundesverdienstkreuz 1. Klasse für Literatur und Wissenschaft”. Faleceu em Basel, em 1990.

No site do “Basler Literarisches Archiv” (http://www.ub.unibas.ch/spez/bla/bla_becher_ulrich.htm - Acesso em: 14 de abril de 2008) lê-se: “Sua obra é marcada pelas experiências do exílio e abrange contos realistas e satíricos, novelas e peças de teatro. Seu estilo muda frequentemente, adaptando-se ao sujeito; assim, encontram-se passagens surrealistas nas quais tempo e espaço são suprimidos”. Já no site oficial de Ulrich Becher, lemos que “as circunstâncias da sua vida e talvez também sua postura cosmopolita-pacifista (como ele mesmo diagnosticou sua maneira de ver o mundo) [...] lamentavelmente impediram que ele se tornasse um autor mais conhecido”. 

Sua obra compreende poesia, prosa, teatro (com adaptação para rádio, cinema e televisão), ensaios e textos jornalísticos.

 

Poesia

Das Märchen vom Räuber, der Schutzmann wurde. Moritat (O conto de fadas do ladrão que se tornou policial). Rio de Janeiro, Notbücherei deutscher Antifaschisten, Caderno 1, 1942. Também em: Kürbiskern, 1983, caderno 1, p. 3-16.

Reise zum blauen Tag. Verse (Viagem para o dia azul. Versos). St. Gallen, Verlag der Volksstimme, 1946.

Brasilianischer Romanzero (Romanceiro brasileiro). Viena, Frick; Zurique, Classen, 1950. Edição ampliada: Reinbeck bei Hamburg, Rowohlt, 1962. Edição autorizada (Lizenzausgabe): Berlim (RDA), Aufbau, 1979. Deutsch Português

Franz Patenkindt: Romanze von einem deutschen Patenkind des François Villon in fünfzehn Bänkelsängen (Franz Patenkind: Romance de um afilhado alemão do François Villon em quinze cantos). Berlim, Berliner Handpresse, 1979. Outras edições: Munique, Universitas-Verlag, 1980; Berlim (DDR), Aufbau, 1982.

 

Prosa

Männer machen Fehler, Erzählungen (Homens cometem erros. contos). Berlim, Ernst Rowohlt Verlag, 1932. Edição ampliada, subtítulo „Geschichten der Windrose“, Hamburgo, Ernst Rowohlt Verlag, 1958. Edição autorizada reduzida: Berlim DDR, Aufbau Verlag, 1962. Edição livro de bolso: Reinbek, Rowohlt, 1970.

Die Eroberer. Geschichten aus Europa (Os conquistadores. Histórias da Europa). (Prefácio de Ernst Glaeser), Zurique, Oprecht, 1936.

Die Frau und der Tod (A mulher e a morte). Berlim (DDR), Aufbau, 1949.

Das Spiel vom lieben Augustin, Posse (A peça do querido Augustin). (com P. Preses), 1950.

Nachtigall will zum Vater fliegen. Ein Zyklus Newyorker Novellen in vier Nächten (O rouxinol quer voar até o pai. Um ciclo de novelas novaiorquinas em quatro noites). Viena, Sexl, 1950.

Das Blauwolkenhaus: Erzählung (A casa das nuvens azuis: Conto). Basiléia, s.n., 1954.

Die ganze Nacht. Zwei Erzählungen (A noite inteira. Dois contos). Hamburgo, Rowohlt, 1955.

Kurz nach 4. Roman (Logo depois das quatro. Romance). Hamburgo, Rowohlt, 1957. Edição revisada: Zurique e Colónia, Benzinger, 1975. Edição de livro de bolso: Reinbek, Rowohlt, 1978 (rororo 4169).

Der schwarze Hut. Erzählung (O chapéu preto. Conto). Halle/Saale, Mitteldeutscher Verlag, 1957 (tangenten). Nova edição: Zurique/Colónia, Benzinger, 1972 (Benzinger Broschur).

Das Herz des Hais (O coração do tubarão). Reinbek bei Hamburg, Rowohlt, 1960. Nova edição revisada pelo autor: Zurique, Colónia, Benzinger, 1972. Edição de livro de bolso: Berlim (DDR), Weimar, Aufbau, 1983 (bb 510).

Der große Grosz und eine große Zeit. Rede (O grande Grosz e uma grande época. Discurso). Reibek, Rowohlt, 1962.

Murmeljagd. Roman (Caça às bolinhas de gude. Romance). Reinbek, Rowohlt, 1969. Edição de livro de bolso: Reibek, Rowohlt, 1974 (rororo 1783). Edição autorizada: Berlim (DDR), Weimar, Aufbau Verlag, 1977. Nova edição: Reinbek bei Hamburg, Rowohlt, 1986.

New Yorker Novellen: Ein Zyklus in drei Nächten (Novelas novaiorquinas: Um ciclo em três noites). Berlim/Weimar, Aufbau-Verlag, 1969. Zurique, Colónia, Benzinger, 1974. Edição de livro de bolso: Munique, Goldmann, 1981 (Goldmann Taschenbuch 7032).

Das Profil (O perfil). Reinbek bei Hamburg, Rowohlt, 1973 (rororo 1612). Nova edição: Basileia, Lenos, 1984.

William´s Ex-Cassino (O Ex-Cassino de William). Zurique/Colônia, Benzinger Verlag, 1973. Edições de livro de bolso: Reinbek, Rowohlt, 1975 (= rororo 1909); Berlim (DDR), Weimar, Aufbau, 1977.

Ihre Sache, Madame! und andere Erzählungen (Problema seu, Senhora! e outros contos). Berlim (DDR), Weimar, Aufbau, 1973 (= bb 264).

Die nicht so netten Geschichten (As histórias não tão legais). 1980.

Vom Unzulänglichen der Wirklichkeit. 10 nicht so nette Geschichten (A insuficiência da realidade. 10 histórias não tão legais). Basiléia, Lenos, 1983 (= Litprint 32). Deutsch Português

Flaschenpost. Geschichte einer Freundschaft. Der Briefwechsel mit George Grosz (A mensagem na garrafa: história de uma amizade. A correspondência com George Grosz). Basiléia, Lenos, 1989, organizado por Uwe Naumann e Michael Töteberg.

Abseits vom Rodeo. Novelle (Longe do rodeo. Novela). Basiléia, Lenos, 1991.

 

Teatro

Niemand. Neuzeitliches Mysterienspiel (Ninguém. Uma peça mística moderna). Mährisch-Ostrau, Kittl, 1934.

Der Bockerer. Tragische Posse (O teimoso. Farça trágica). Co-autoria com Peter Preses. Viena, Sexl, 1946. Berlim, DDR, Aufbau Verlag, 1949. Viena e Munique, Sessler, s.a. (Der Souffleurkasten). Edição de livro de bolso: Reinbek Verlag (Rowohlt), 1981 (rororo 4850).

Der Pfeifer von Wien, Posse (O assobiador de Viena, farsa) (com P. Preses), 1949.

Samba (Samba). Viena, Universal Edition, 1950. In: Spiele der Zeit. Hamburgo, Rowohlt, 1957.

Der Herr kommt aus Bahia (O senhor vem da Bahia). Reinbek bei Hamburg, Rowohlt Theaterverlag, 1958.

Makumba (Macumba). In: Spiele der Zeit. Berlim/Weimar, Aufbau-Verlag, 1968, Bd. II.

Biene, gib mir Honig (Abelha, por favor me dê mel). 1974.

 

Estréias teatrais

Niemand. Neuzeitliches Mysterienspiel (Ninguém. Uma peça mística moderna). Stadttheater Bern, 27 de janeiro de 1936, direção: Kurt Ehrle.

Der Bockerer. Tragische Posse (O teimoso. Farça trágica). Co-autoria com Peter Preses. Neues Theater an der Scala, Viena, 2 de outubro de 1948. diração: Günther Haenel.

Der Pfeifer von Wien. Tragische Posse (O assobiador de Viena, farsa). Co-autoria com Peter Preses. Volkstheater Wien, Viena, 29 de setembro de 1950. direção: Gustav Manker.

Samba. Schauspiel (Samba). Theater an der Josefstadt, Viena, 5 de março de 1951. direção: Franz Pfaudler.

Feuerwasser. Deutschamerikanische Chronik (Água de fogo. Crônica alemã-americana). Deutsches Theater in Göttingen, 29 de novembro de 1952. direção: Heinz Hilpert.

Mademoiselle Löwenzorn. Fatale Komödie (Senhorita Löwenzorn. Comédia fatal). Schlossparktheater, Berlim, 9 de março de 1954. direção: Ludwig Berger.

Der Herr kommt aus Bahia. Schauspiel (O senhor vem da Bahia. Peça de teatro). Deutsches Theater in Göttingen, 5 de julho de 1958. direção: Heinz Hilpert.

Biene gib mir Honig. Komödie (Abelha, por favor me dê mel). Ateliertheater, Bern, 27 de fevereiro de 1974, direção: Emil Stöhr.

 

Peças radiofônicas

Samba (Samba). Österreichischer Rundfunk, Viena, 15 de maio de 1966.

Josua war kein Feldherr (Josua não foi general). Österreichischer Rundfunk, Niederösterreich, 1 de julho de 1971.

Der Deserteur (O desertor). Österreichischer Rundfunk. Vorarlberg, 14 de janeiro de 1974.

Zwei im Frack (Dois na casaca). Süddeutscher Rundfunk, 26 de setembro de 1976.

Der Bockerer (O teimoso). Österreichischer Rundfunk, 26 de abril de 1980.

Macumba (Macumba). Österreichischer Rundfunk. 27 de dezembro de 1983.

 

Cinema

Der Bockerer (O teimoso). Direção: Franz Antel, 1981 .

 

Televisão

Der Bockerer (O teimoso). Direção: Michael Kehlmann. ORF, 26 de janeiro de 1963.

Mademoiselle Löwenzorn (Senhorita Löwenzorn). Direção: Gerhard Klingenberg. ARD, 4 de março de 1965.

Samba (Samba). Direção: William Dieterle. ORF. 15 de maio de 1966.

Feuerwasser (Água de fogo). Adaptação para a televisão: Karl Wittlinger; Direção: Wolfgang Staudte. ZDF, 24 de julho de 1978.

 

Ensaio

Siff. Selektive Identifizierung von Freund und Feind (Siff. A identificação seletiva de amigo e inimigo). Zurique, Colónia, Benzinger, 1978. Edição de livro de bolso: Com um pós-fácio de Günter Caspar: Berlim (DDR), Weimar, Aufbau, 1980. Edição de livro de bolso com o título “Im Liliputanercafé”: Frankfurt/M., Fischer, 1985 (= Fischer Taschenbuch 5883).

 

Artigos jornalísticos

O Traidor Ernst Glaeser. In: O Estado de São Paulo, 1943.

Da Catacumba dos Alpes. In: O Estado de São Paulo, 1943.

O Grande George Grosz e uma Grande Época. In: O Estado de São Paulo, 1943.

 

Resumos comentados

Clique aqui

 

Bibliografia crítica

Clique aqui