RELLIBRA

LIBEA - Literatura Brasileira de Expressão Alemã
PROJETO DE PESQUISA COLETIVA (USP/Instituto Martius-Staden)
Grupo de pesquisa RELLIBRA – Relações linguísticas e literárias Brasil-Países de língua alemã
Coordenação geral: Celeste Ribeiro-de-Sousa
Programa de Pós-Graduação em Língua e Literatura Alemã - USP

 

FRIEDRICH GERSTÄCKER (1816-1872): VIDA E OBRA

Autoria: Gerson Roberto Neumann, 2012.
ISBN: 78-85-64168-09-1
Direitos autorais: veiculação autorizada pela editora.
Como citar: Neumann, Gerson R. Friedrich Gerstäcker (1816-1872): vida e obra. São Paulo: Instituto Martius-Staden, 2012.

Dados biobibliográficos

Friedrich Gerstäcker nasceu no dia 10 de maio de 1816 em Hamburg, filho de pais artistas, ambos cantores de óperas. Seu pai foi Samuel Friedrich Gerstäcker e sua mãe Friederike Herz.

A intenção de Gerstäcker de conhecer o mundo, inspirado nas obras de Cooper, Defoe e Sealsfield, o acompanhou desde sua infância, como ele próprio comprova no livro autobiográfico Kleine Erzählungen und Nachgelassene Schriften (Pequenas Estórias e Escritos Póstumos). Diz ele:

O que me levou para esse mundo? – Quero ser sincero, assim foi um velho conhecido de nós todos a me dar o primeiro impulso, e ele não é nada mais que Robinson Crusoe. Nos meus oito anos eu já me  havia decidido a procurar da mesma forma uma ilha abandonada [1]

Friedrich Gerstäcker emigrou em 1837, aos 21 anos, para os USA, onde cruzou o país de norte a sul, sustentando-se das mais diferentes formas. Em 1843, regressou à Alemanha, onde iniciou suas atividades de escritor, publicando então os seus dois mais famosos romances: Die Regulatoren in Arkansas (Os reguladores no Arkansas (1846)) e Die Flusspiraten des Mississippi (Os Piratas do Mississipi (1848).

Suas obras tiveram boa recepção e foram traduzidas para outras línguas – inglês, francês, holandês – ainda no século XIX. Em 1848, Gerstäcker envolveu-se nas agitações políticas da Revolução de 1848, mas por pouco tempo, pois para a sua atividade literária Gerstäcker necessitou de mais viagens, fontes para as suas obras. O autor, porém, não se desvinculou totalmente da política alemã, uma vez que nas suas viagens pelo mundo ele buscava material para as próximas publicações e fazia também levantamentos sobre áreas para onde a emigração alemã poderia ser direcionada com sucesso.

Dessa forma, Friedrich Gerstäcker iniciou a sua segunda grande viagem, de 1849 a 1852, partindo da Califórnia em direção ao Hawai, ao Taiti e à América do Sul.

Em 1860, Gerstäcker iniciou a sua terceira viagem com um objetivo claro em relação à emigração alemã: o autor queria visitar as colônias alemãs já existentes na América do Sul e fazer levantamentos sobre as possibilidades de intensificar a emigração para lá. Durante a viagem teve oportunidade de discutir o assunto com personalidades dos países da América do Sul. Numa dessas ocasiões, Gerstäcker entrou em contato com a cúpula do império brasileiro, no Rio de Janeiro e, no dia 21 de setembro de 1861, proferiu uma palestra no Salão da Real Academia Militar, palestra esta que veio a ser publicada, ainda no mesmo ano, pela Editora Lorenz Winter sob o título: Die Deutschen im Ausland. Vorlesung gehalten von Freidrich Gerstäcker im Saale der Kaiserlichen Militär-Academie zu Rio de Janeiro, den 21. September 1861 (Os alemães no exterior. Palestra apresentada por Friedrich Gerstäcker no Salão da Real Academia Militar no dia 21 de setembro de 1861).

Em 1861, Gerstäcker regressou à Alemanha e publicou o romance Die Colonie. Brasilianisches Lebensbild (A colônia. Um quadro da vida no Brasil) em 1862, pela Editora Costenoble. Além disso, o autor publicou importantes artigos sobre o contexto imigratório alemão no Brasil em revistas alemãs, principalmente na então muito conhecida Gartenlaube. De grande importância é também a obra Achtzehn Monate in Südamerika (Dezoito meses na América do Sul (1862), resultado das anotações no seu diário de viagem.  Anos depois, em 1869, o autor publicou ainda o importante conto Die Parcerie-Verträge (Os contratos de parceria).

Depois da viagem pela América do Sul, Gerstäcker fez mais duas viagens nessa década: em 1862, pelo Egito, acompanhando o príncipe de Coburg-Gotha, e de 1867 a 1868, a sua última viagem, pelos USA, México, Equador, Venezuela e parte da Ásia.

Gerstäcker morreu no dia 31 de maio de 1872 em Braunschweig, Alemanha.

Entre os principais textos que deixou, estão:

 

Narrativas

Die Regulatoren in Arkansas (Os reguladores no Arkansas). Leipzig: Hermann Costenoble, 1858.

(texto completo online, em Lexikus. http://www.amazon.de/Die-Regulatoren-in-Arkansas-ebook/dp/B004UBE79A#reader_B004UBE79A)

Die Flußpiraten des Mississippi (Os piratas do Mississippi). Leipzig: Wigand, 1848.

Tahiti (Tahiti). Berlin: Scherl, 1908.

(Texto completo online, no Projeto Gutenberg: Volume 1 e  2)

Aus Nord- und Südamerika (Da América do Norte e do Sul). 2. ed. Jena: Costenoble, 1874.

Die beiden Sträflinge (Os dois condenados). 3. ed. Stuttgart, Berlin, Leipzig: Union, 1903.

Unter dem Aequator (Abaixo do Equador). Leipzig: Reclam, 1904.

Achtzehn Monate in Süd-Amerika (Dezoito meses na América do Sul). Leipzig: Costenoble, 1863.

Die Colonie. Brasilianisches Lebensbild (A colônia. Cenas do Brasil). 6. ed. Berlin: Neufeld & Henius, 1905.  Deutsch 

Eine Mutter (Uma mãe). Leipzig: Costenoble, s.d.

Ein Parcerie-Vertrag. Erzählung zur Warnung und Belehrung für Auswanderer und ihre Freunde; Volksbuch (Um contrato de parceria. Conto de prevenção aos emigrantes e seus amigos; livro popular). Leipzig: Keil, 1869. Deutsch 

 

Outro texto

Die Deutschen im Ausland. Vorlesung gehalten von Freidrich Gerstäcker im Saale der Kaiserlichen Militär-Academie zu Rio de Janeiro, den 21. September 1861 (Os alemães no exterior. Palestra apresentada por Friedrich Gerstäcker no Salão da Real Academia Militar no dia 21 de setembro de 1861). Rio de Janeiro: Druck und Herausgabe von Lorenz Winter, 1861.

 

Resumos comentados

Em construção

 

Bibliografia crítica

Em construção

 

[1] „Was mich so in die Welt hinausgetrieben? – Will ich aufrichtig sein, so war der, der den ersten Anstoß dazu gab, ein alter Bekannter von uns Allen, und zwar niemand anders als Robinson Crusoe. Mit meinem achten Jahr schon fasste ich den Entschluß, ebenfalls eine unbewohnte Insel  aufzusuchen” In: Gerstärcker, Friedrich. Kleine Erzählungen und Nachgelassene Schriften. Jena: Costenoble, vol. 1, 1879, p. 1.