LIBEA - Literatura Brasileira de Expressão Alemã
PROJETO DE PESQUISA COLETIVA (USP/Instituto Martius-Staden)
Grupo de pesquisa RELLIBRA – Relações linguísticas e literárias Brasil-Países de língua alemã
Coordenação geral: Celeste Ribeiro-de-Sousa
Programa de Pós-Graduação em Língua e Literatura Alemã - USP
IDA KNOLL (1835-1919): VIDA E OBRA
Autoria: Celeste Ribeiro de Sousa, 2024
ISBN:
Direitos autorais: em domínio público.
Como citar: Ribeiro-de- Sousa, Celeste. Ida Knoll (1835-1919): vida e obra. São Paulo: Instituto Martius-Staden, 2024.
Dados biobibliográficos

Kronberg. Cidade natal de Ida Knoll. Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Kronberg_im_Taunus
Ida Knoll, nascida Monk [1], veio ao mundo em 06.10.1835, na cidadezinha de Kronberg nas proximidades das florestas do Taunus, no hoje Estado de Hesse. Até 1866 a cidade pertencia ao Ducado de Nassau, ano em que foi integrada ao reino da Prússia, que em 1871 haveria de liderar a formação do Kaiserreich (Segundo Império Alemão). Ida Knoll, nascida Monk, era filha do professor Georg Josef Monk e Margarete Monk, nascida Gerstner. Casou-se com Christian Knoll, também professor. Ainda em Kronberg nasceram os filhos do casal: Georg, Ferdinand, Ida Knoll. Alguns anos depois, a família mudou-se para Frankfurt a. M., e nesta cidade Ida ficou viúva. Então, grandes dificuldades advieram, e ela decidiu em 1880, aos 45 anos, emigrar para o Brasil, especificamente para Santa Catarina. Aqui já se encontrava seu filho mais velho, Georg, que por causa de severos problemas respiratórios fora aconselhado a procurar um clima mais quente. [Ver Georg Knoll (1861-1940): vida e obra, on-line].
No Brasil, Ida Knoll passou a ser professora na colônia, tendo-se também dedicado à literatura, tanto à poesia quanto à prosa. Sobre ela, assim escreve Erich Fausel no Rotermund-Kalender ou Kalender für die Deutschen in Brasilien, de 1935, às páginas 61-62, sob o título “Jahrhunderttag einer deutschbrasilianischen Dichterin. Ida Knoll, geb. 6. Oktober 1835 in Cronberg, im Taunusgebiet, gest. 1919 in Florianopolis“ (Centenário de uma poetisa alemã-brasileira. Ida Knoll, nascida em 6 de outubro de 1835 em Cronberg no Taunus, falecida em 1919 em Florianópolis):
Como filha de Georg Joseph Monken [sic], que foi professor em Cronberg no Taunus por mais de cinquenta anos, a autora de nossos poemas nasceu no antigo burgo de Cronberg. De acordo com sua disposição e herança, ela estava destinada a ser professora e educadora, e para sua vida fazia-se quase necessário encontrar em Christian Knoll não só um marido, mas também um professor. Sua imaginação ativa, seu vivo interesse por todos os acontecimentos de seu tempo a levaram desde cedo a enaltecer os episódios de sua vida em poemas ocasionais. No entanto, uma forte necessidade de poesia e não desprezíveis habilidades de expressão e design só despertaram nela, quando aqueles que estavam longe de sua terra natal alemã começaram a cantar no Brasil suas canções de saudade. Embora à época tivesse um pequeno rancho de filhos para educar (um filho, Georg Knoll, é bem conhecido no “Kalender” como colaborador literário; uma filha, dona Ida Fausel, ainda mora em Santa Cruz no Rio Grande do Sul), ela podia em simultâneo dar vazão à sua alegria e arte de ensinar junto a crianças colonas teuto-brasileiras em Santa Catarina. Ela havia se tornado professora, e ainda podemos sentir em seus versos como ela cuidava maternal e amorosamente de seus próprios filhos e dos filhos dos outros. Consegue ser apaixonante na saudade e no amor, em suas histórias e descrições o tom é quase épico. De vez em quando, como em “Treue Liebe” (Amor fiel), ela encontra a modulação quente da canção folclórica, às vezes ela parece sorrir maliciosamente. Mas ela sempre permanece fiel à sua natureza íntegra. E, de novo e de novo, ouve-se a governanta e suas admoestações, mesmo quando a mulher solitária e envelhecida desabafa seu entusiasmo pelos bôeres na época da Guerra dos bôeres em poemas muito oportunos e raivosos. Uma foto da velha senhora mostra-a com feições inteligentes e delicadas, com olhos muito brilhantes e vivos, que mesmo na velhice ainda estão voltados para tudo que é palpitante, fresco e genuíno. E o espírito piedoso que fala em muitos dos seus poemas volta a brilhar nas linhas de seu rosto. Ela não se tornou uma grande poetisa, mas, entre aqueles que escreveram poesia aqui e que não sucumbiram à habitual força do dinheiro, ela é uma das personagens mais cativantes. E. F. [Erich Fausel]
Als Tochter von Georg Joseph Monken [sic], der über fünfzig Jahre lang Lehrer in Cronberg im Taunus war, wurde die Verfasserin unserer Gedichte auf der alten Burg in Cronberg geboren. Nach Anlage und Erbe war sie zur Lehrerin und Erzieherin bestimmt, und es war fast notwendig für ihr Leben, daß sie in ihrem Gatten Christian Knoll einem Lehrer die Hand reichte. Ihre rege Phantasie, ihr lebhafter Anteil an allen Ereignissen ihrer Zeit lockte sie schon früh, die Geschehnisse ihres Lebens und ihrer Umwelt in Gelegenheitsgedichten zu verherrlichen. Ein starles Dichterverlangen und nicht unbeachtliche Fähigkeiten in Ausdruck und Gestaltung wuchsen in ihr aber erst hoch, als die ferne von der deutschen Heimat in Brasilien ihre Sehnsuchtslieder anzustimmen begann. Hatte sie nun auch selber ein Häuflein Kinder zu erziehen (ein Sohn, Georg Knoll, ist dem Kalender als schriftstellerischer Mitarbeiter wohl bekannt; eine Tochter, Frau Ida Fausel, lebt heute noch in Santa Cruz in Rio Grande do Sul), so konnte sie ihre Erzieherfreude und -kunst zugleich an deutschbrasilianischen Kolonistenkindern in Santa Catharina üben. Sie war Lehrerin geworden, und wir spüren es noch heute ihren Versen an, wie mütterlich und liebend sie sich um ihre eigenen und die fremden Kinder sorgte. In Sehnsucht und Liebe vermag sie leidenschaftlich zu werden, in ihren Erzählungen und ihrem Schildern läd sie breit aus in einem fast epischen Ton. Dann und wann, wie in „Treue Liebe“, hat sie einen warmen Volksliedton gefunden, mitunter scheint sie schalkhaft zu schmunzeln. Immer aber bleibt sie ihrer unverfälschten Art getreu. Und immer hört man wieder die Erzieherin und Mahnerin sprechen, auch dann als die Einsame und Alternde in sehr zeitgemäßen und zornigen Gedichten ihrer Burenbegeisterung zur Zeit des Burenkriegs Luft macht. Ein Bild der alten Frau zeigt sie mit klugen und zarten Zügen, mit sehr hellen und wachen Augen, die auch im Alter noch allem Lebendigen, allem Frischen und Echten zugewandt sind. Und der fromme Sinn, der aus vielen ihrer Gedichte spricht, scheint wieder in den Linien ihres Gesichtes. Zur großen Dichterin ist sie nicht geworden, aber unter denen, die hier gedichtet haben und die nicht dem üblichen Geldgeist verfielen, ist sie eine der liebenswertesten Gestalten. E. F. [Erich Fausel]
Em um caderno conservado no Arquivo do Instituto Martius-Staden [920 Zz33an-Primavera: Gedichte], encontram-se registrados na caligrafia trêmula do seu filho Georg, três poemas antecedidos da seguinte anotação à página 25: “Gedichte von meiner lieben, unvergesslichen Mama Ida Knoll, geborene Monk (Poemas de minha querida, inesquecível mamãe Ida Knoll, nascida Monk), os quais podem ser lidos neste e-book: “Heimweh”, “Treue Liebe” e “In Nord und Süd”.
Levando-se em consideração o ano de 1824 como o marco oficial a situar o início da imigração de língua alemã no Brasil, Ida Knoll, com certeza, é uma das primeiras mulheres escritoras deste grupo a se fazerem conhecidas. Já em 1886 vinha a lume a narrativa Das Enkelkind (O neto). Ida Knoll publicou suas criações tanto em Anuários/Kalender (Rotermund-Kalender, Musterreiter’s neuer historischer Kalender, Der Volksbote. Kalender für die Deutschen im Staate Sta. Catharina, Der Kompaß) como em jornais (Koseritz’ Deutsche Zeitung, Die Volkszeitung, Joinvillenser-Zeitung, Germania, Kolonie-Zeitung) e outros veículos (Hausfreund).
Ida Knoll faleceu em 29 de junho de 1919 em Florianópolis/SC com 84 anos.
No seu legado poético estão as narrativas e os poemas abaixo transcritos e traduzidos.
Agradeço a Thomas Gernot Keil, pesquisador e colaborador deste Projeto de Pesquisa - LIBEA (Literatura brasileira de expressão alemã) -, a gentil cessão do original de todas as narrativas e de alguns poemas.
Narrativas
Das Enkelkind. Eine Ostergeschichte (O neto. Uma história pascal). In: Kolonie-Zeitung, Joinville, 23. 4. 1886, p. 65 – 67. Também in Joinvillenser-Zeitung, Joinville, 31. 3. 1899, p. 1 – 3. Deutsch Português
Eine Weihnachtsbescheerung. Erzählung aus dem Leben (Presentes de Natal. Conto extraído da vida). In: Germania, São Paulo, 22. 12. 1886, p. 2 – 3 e 25. 12. 1886, p. 2 – 3. Deutsch Português
Grüne Weihnachten. Skizze (Natal verde. Bosquejo). In: Kalender für die Deutschen in Brasilien (Rotermund-Kalender). São Leopoldo: Editora Rotermund, 1896, p. 129 – 132. Deutsch Português
Der grobe Wilhelm (Guilherme, o casca grossa). In: Der Volksbote. Kalender für die Deutschen im Staate Sta. Catharina. Joinville: 1902, p. 118 – 125. Deutsch Português
Eine Reiseskizze (Bosquejo de viagem). In: Kalender für die Deutschen in Brasilien (Rotermund-Kalender). São Leopoldo: Editora Rotermund, 1912, p. 165 – 170. Deutsch Português
Poemas
Neujahr! (Ano Novo!). In: Kalender für die Deutschen in Brasilien (Rotermund-Kalender). São Leopoldo: Editora Rotermund, 1893, p. 33. Deutsch Português
Verstand und Herz (Razão e coração). In: Koseritz Deutsche Zeitung, Porto Alegre, 14. 10. 1898, p. 3. Deutsch Português
Großmutters Christnacht in der Fremde (A noite de Natal da vovó no estrangeiro). In: Kolonie-Zeitung, Joinville, 24. 12. 1901, Suplemento, p. 4. Também in Musterreiter’s neuer historischer Kalender. Porto Alegre: 1903, p. 59. Deutsch Português
Des Vaterlandes Ehre (A honra da pátria). In: Der Volksbote. Kalender für die Deutschen im Staate Sta. Catharina. Joinville: 1902, p. 105. Deutsch Português
Allerseelen in ferner Welt (Dia de Finados em mundos distantes). In: Kolonie-Zeitung, Joinville, 31.10. 1901, p. 3.
Também in: Musterreiter’s neuer historischer Kalender. Porto Alegre: 1903, p. 109.
Também in: Kalender für die Deutschen in Brasilien (Rotermund-Kalender). São Leopoldo: Editora Rotermund, 1904, p. 132.
Também in: Die Volkszeitung. Blumenau, 1.11. 1930, p. 1. Deutsch Português
Verleumdung (Calúnia). In: Der Kompaß, Curityba, 10. Jg., Nr. 35 (6. 5. 1911), p. 4. Deutsch Português
Der Kolonist und sein Sohn (O colono e seu filho). In: Hausfreund, São Paulo, 35. Jg., Nr. 3 (19. 1. 1924), p. 10. Deutsch Português
Nord und Süd (Norte e Sul). Manuscrito em: Primavera II. Gedichte Georg Knoll und Ida Knoll geb. Monk. Arquivo do Instituto Martius-Staden (920 Zz33an-Primavera: Gedichte, p. 26). Também: In Nord und Süd (No Norte e no Sul). In: Kalender für die Deutschen in Brasilien (Rotermund-Kalender). São Leopoldo: Editora Rotermund, 1935, p. 62-64. Deutsch Português
Heimweh (Saudade). Manuscrito em: Primavera II. Gedichte Georg Knoll und Ida Knoll geb. Monk. Arquivo do Instituto Martius-Staden (920 Zz33an-Primavera: Gedichte, p. 25). Também no Kalender für die Deutschen in Brasilien (Rotermund-Kalender). São Leopoldo: Editora Rotermund, 1935, p. 64. Deutsch Português
Treue Liebe (Amor fiel). Manuscrito em: Primavera II. Gedichte Georg Knoll und Ida Knoll geb. Monk. Arquivo do Instituto Martius-Staden (920 Zz33an-Primavera: Gedichte, p. 25 - verso). Também no Kalender für die Deutschen in Brasilien (Rotermund-Kalender). São Leopoldo: Editora Rotermund, 1935, p. 64. Deutsch. Tradução de Rainer Domschke. In: Steil, Marcelo. Desvendar o tempo. Blumenau, ed. HB, 2002, p. 65. Português
Und doch ich kann es nicht vergessen (E eu não posso esquecer). In: Brasil-Post, São Paulo, 16. 5. 1987, p. 6. Deutsch. Trad. Custódio F. Campos. In: Boletim do Instituto Cultural Brasil-Alemanha. Florianópolis 1 (1): 17, 1958. Português
Resumos comentados
Clique aqui
Bibliografia crítica
Clique aqui
[1] Não confundir com Ida Ernestine Knoll, nascida Bornholdt > https://ancestors.familysearch.org/en/KFG6-45Q/ida-ernestine-knoll-1874-1952<.